Vinte anos depois da primeira edição, está publicada, desde abril de 2023, a segunda edição desse meu livro, dessa vez como edição do autor. Uma segunda edição desse livro era necessária, por várias razões. Pela procura de estudiosos do assunto; pela persistência do debate teórico sobre o sentido do ofício passado, presente e futuro do urbanismo e; pela oportunidade de renovar a exposição aos leitores das conclusões prospectivas do trabalho original em um contexto já de muitas décadas de história realizada do seu objeto empírico.
A motivação para a leitura desse livro segue um debate que se acendeu no Século 20 sobre limites e possibilidades de intervenção do urbanismo no processo de mudanças sociais. Por dever de ofício e pelo contexto em que sua profissão havia se afirmado, o urbanista veio sendo tentado a uma vocação quase de demiurgo. Com um olhar na terra e outro no céu, teve que responder aos desafios do presente e fazer apostas muitas vezes sonhadoras no futuro. Naquele período a forma da cidade chegava a ser tomada como resposta última às promessas de uma nova ordem social. Enquanto o debate teórico avançava, a partir de contribuições de autores de diversas áreas do conhecimento, lutava-se contra a escassez de pesquisas que revelassem evidências práticas dos fatos.
Para explorar o assunto, a construção da cidade nova de Vota Redonda constituiu um excelente argumento, como um épico num período de afirmação nacionalista do Brasil. O governo do Estado Novo se apoiava em três metas programáticas: uma nova ordem político-administrativa, uma nova ordem produtiva e uma nova ordem territorial e urbana. Para isso, invocava modelos para criar o homem novo, a indústria nova e a cidade nova.
O fato de o plano urbanístico da cidade ter se inspirado em um dos modelos mais emblemáticos do urbanismo moderno lhe atribui um caráter singular. O vínculo do plano de Volta Redonda com o modelo da Cidade Industrial do urbanista francês Tony Garnier e o utopismo em voga na Europa na virada do Século 19 para o Século 20, conforme pela primeira vez se comprovou neste livro, permitiu confrontar a retórica fundadora da cidade com o mundo real, num período que vai de 1941 até 1993. A aventura deste livro é então buscar compreender a relação entre forma urbana e processo social sem os determinismos que lhes haviam sido atribuídos.
O livro, somente no formato impresso, está disponível em livrarias. Fora do Brasil, pode ser encontrado na administração do Museu Urbano Tony Garnier, na cidade de Lyon, na França, e na Biblioteca do Congresso Americano, em Washington D.C., EUA.
LOPES, Alberto Costa. A aventura da forma: urbanismo e utopia / Alberto Costa Lopes. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 2023. ISBN: 978-65-00-65812-5 (Câmara Brasileira do Livro – CBL)
